Olha, eu não tenho tanta certeza.
O autor dedica quase 100 páginas do livro explicando como se dá o processo de compilação de um exemplar grego tido como principal, ou a Ecdótica, feita a partir dos vários manuscritos do livro que hoje se encontram nas principais bibliotecas do mundo (os pergaminhos), uma vez que o original está perdido. Isso tudo, antes de se pensar no processo de tradução para qualquer língua.
Não seria este um exemplo crasso de que o texto foi alterado através dos séculos? E se o tradutor da tradução mais recente diz que essa é a mais fidedigna, então posso deduzir que as demais, as traduções antigas do latim que estão por aí, estão mais alteradas que esta aqui? Ou seria uma peculiaridade da língua grega, que, como próprio tradutor diz, é sintética, e por isso daria margens para diferenças assim?
Vou reinterpretar minha questão inicial. Veja o que o tal livro de 1944 diz:
5. Superfície é o que tem comprimento e largura.
6. As extremidades da superfície são linhas.
Ok, a partir daqui, entendo que a superfície poderia ser qualquer figura. Um contorno tem comprimento e largura, entre outras coisas que o definem. Agora veja a tradução de Irineu Bicudo, de 2009:
5. E superfície é aquilo que tem somente comprimento e largura.
6. E extremidades de uma superfície são retas.
O uso da palavra
somente restringe a definição, ou o entendimento que podemos ter dela. A superfície é, pois, algo que só pode ser criada com as medidas de comprimento e largura.
O que é que se cria somente com as informações de comprimento e largura? Não há outra figura que represente isso - ou, pelo menos, eu não consigo imaginar - melhor que um quadrilátero.
Acho que quando Euclides fala superfície, quer dizer o espaço onde as figuras geométricas serão representadas. Dois eixos, duas dimensões, retas. Mas isso já é cartesiano e veio muito depois

Será que essa diferença se trata de um erro de tradução?
Obrigado,
DK