O facto de os racionais terem dízimas finitas ou infinitas periódicas resulta do aparentemente simples resultado:
Se \(a\) e \(b\) são dois números naturais com \(b>0\) então existem dois naturais \(q\) e \(r\), com \(r<b\), tais que \(\frac{a}{b}=q+\frac{r}{b}\)
A dízima de \(\frac{a}{b}\) constroi-se com base neste facto:
\(\frac{a}{b}=q+\frac{r}{b}=q+\frac{1}{10}\left(\frac{10r}{b}\right)=q+\frac{1}{10}\left(q_1+\frac{r_1}{b}\right)=q+\frac{q_1}{10}+\frac{1}{10^2}\left(q_2+\frac{r_2}{b}\right)=\cdots = q+\frac{q_1}{10}+\frac{q_2}{10^2}+\frac{q_3}{10^3}+\cdots\)
Observemos que em cada passo \(r_i<b\) logo \(10r_i<10b\) e portanto \(q_{i+1}<10\) (ou seja \(q_{i+1}\in\{0,1,2,3,4,5,6,7,8,9\}\) é um dígito). Temos então \(\frac{a}{b}=q,q_1q_2q_3\dots\).
Agora observemos que \(r_{i+1}\) e \(q_{i+1}\) só dependem de \(r_{i}\) (e de b que está fixo). Como cada \(r_i\) é menor que \(b\), ou seja, \(r_i\in\{0,1,\dots ,b-1\}\) haverá uma altura em os \(r_{i's}\) se repetem e a partir daí entramos em cíclo (temos uma dízima periódica). Note-se que uma dízima finita pode ser vista como uma dízima periódica com o dígito 0 a repetir-se infinitamente.
PS - Uma observação mais cuidada permite verificar que o período tem comprimento que divide b-1.